Escrito por Nanci Vellose
de Souza
contato : nancivelpsc@gmail.com
Professora, Pedagoga e Psicopedagoga
contato : nancivelpsc@gmail.com
Professora, Pedagoga e Psicopedagoga
Para
abrirmos o tema identidade da criança negra e ações afirmativas na escola,
temos que iniciar o assunto voltando para o começo da história de vida de uma
criança negra para entendermos alguns pontos importantes; como a criança negra
está sendo criada; qual o entendimento sobre quem ela é, sobre sua cor, seus
cabelos, suas origens, sobre como ela se vê em relação aos outros, sobre o
fator autoestima, que irá determinar se esta criança irá gostar de si e se
aceitar, perceber a partir de observações individuais e grupais se esta criança
gosta de si com as suas características, e principalmente sondar essa criança
para saber o que incutiram em sua cabeça durante o processo de desenvolvimento.
De acordo
com o meu entendimento o processo de formação da identidade da criança deverá
ser iniciado em casa, antes da chegada da criança ao núcleo de educação
infantil e o meio onde essa criança está inserida também será fator determinante
para a formação de sua identidade, pois alguns equívocos vistos e ouvidos,
poderão lamentavelmente serem repetidos e a criança tende a internalizar o que
ouve e vê e reproduzir em seguida.
Muito
embora algumas famílias achem que não estão preparadas para tratar sobre o tema
identidade, penso que em casa as famílias devam responder de maneira
simplificada a todas as perguntas feitas pelas crianças, promover as interações
sociais de seus filhos com outros grupos étnicos, fazer com que a caixa de
brinquedos seja mesclada com bonecos brancos e negros, que as histórias
infantis tragam nos livros os príncipes e as princesas negras juntos aos demais
livros e que o convívio com diferentes grupos raciais seja o mais natural
possível; esse é segundo o meu olhar o caminho inicial para se dissipar o
preconceito.
O ideal
seria que quando uma criança, seja ela negra ou branca, chegue ao núcleo de
educação infantil ou nos anos iniciais de sua escolarização, já tenha tomado
conhecimento que existem diferenças entre as pessoas, que existem vários tons
de pele, vários tipos de cabelo, aparências diferentes umas das outras, e que
todos deverão conviver no mesmo espaço e se respeitar.
Nos núcleos
de educação infantil, ou nos anos iniciais da escolarização, as práticas
pedagógicas trarão intencionalmente propostas que levarão as crianças a se
observar e a observar o outro e assim surgirão as primeiras problematizações e
as posteriores explicações.
Os
professores deverão estar preparados para os mais variados questionamentos e
ter vasto referencial de leituras para permitir clareza em suas respostas e
quando surgirem as questões de preconceito no espaço escolar deverão ser
agentes mediadores do problema e se manter imparcial.
Na espaço
escolar as ações afirmativas irão se concretizar pelas mãos dos professores,
que terão a incumbência de fazer com que todos os grupos se sintam representados
no contexto trabalhado, pois quando um indivíduo não se sente representado, ele
não se interessa pelo tema, e o nível de interesse e participação baixam muito.
A questão
das ações afirmativas, não é muito complicada, a complicação surge a partir do
não entendimento. A maneira mais simplificada de entender as ações afirmativas,
poderíamos dizer que são aquelas ações pensadas para diminuir ou minimizar as
desigualdades, que incluirão pessoas que foram excluídas, seja por fatores
econômicos, sociais, raciais entre elas e as ações essas que irão reforçar
positivamente o indivíduo, afim de que esse se torne agente de sua história de
vida, criando oportunidade de visibilidade e inserção social, a partir de ações
motivadoras.
O principal
foco da ação afirmativa é fazer com que todos os grupos se vejam representados e
possam competir igualmente, ter as mesmas oportunidades sociais e se sentir
parte do contexto.
Falar sobre
ações afirmativas na escola, quer dizer que temos que abrir discussões sobre
esse tema, que é preciso debater, rever o currículo escolar, ir em busca da
valorização da identidade negra, fazer com que o negro se orgulhe de ser quem é
, de buscar orientação e formação para os professores afim de que os equívocos
cometidos nos materiais didáticos e na historicidade da África e dos africanos não
sejam repetidos e para que todos os grupos sejam vistos e representados no
cotidiano escolar.
Para
conseguirmos diminuir registros de casos de bullyng, expressões visíveis de
racismo e preconceito, xenofobia, homofobia,
temos que falar sobre o assunto da igualdade racial, sobre os direitos legais
adquiridos nos últimos anos e que nos garante o direito de estar em todos os
lugares, de sermos tratados igualmente, de vestir o que quisermos, de ter os
cabelos volumosos e crespos, enfim, de ser quem somos e como somos, de sermos
autênticos...
Valorizar a
cultura africana, o processo de aculturação que esse convívio nos proporcionou
é a única receita para seguirmos em busca de outras políticas de ações
afirmativas. Não podemos mais não mencionar determinados assuntos, temos que
falar sobre o que nos incomoda e apenas assim criar possibilidades de resolver
os problemas que a sociedade nos apresenta cotidianamente.
Fpolis,07/17
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